Apenas dois corpos no meio da multidão.
Olhos perdidos por entre as pessoas.
Vazios e molhados lamentam o destino.
Bocas tremulas ensaiam o adeus.
Partindo sonhos e planos na despedida.
Na face o sofrimento visível, nas mãos o apuro de não deixa-lo ir.
Coração amargurado, sucumbido em urgência.
Lavo meu rosto em salobro mar de lágrimas.
Proponho-me, rendo-me, no entanto, serventia nula.
A fina garoa mistura os tons do firmamento.
Trazendo ausências, carências e espinhos.
O vento brando marca a alma compungida.
Inquietude nascem com a chegada da partida.
Contrariando a vontade seguimos a esmo.
Por entre os andantes a estrada é amarga.
Carrego dores na mansidão de meu peito.
Por caminhos turvos e distantes.
Migalhas a vida guardou para mostrar que no fim.
Só restam dos amores desfeitos as lembranças e apreço.
E um vazio costumeiro com a certeza de que nada mais será como era antes.